Erika de Freitas: Quem é a Brasileira fundadora do Empório Brasil que traz os Sabores do Brasil para a Noruega
- Rodrigo Braz Vieira
- 17 de set. de 2024
- 5 min de leitura
Quando me mudei para a Noruega, uma das coisas que mais senti falta foi dos sabores autênticos do Brasil. Um dia, enquanto procurava farinha para tapioca, azeite de dendê e paçoca na internet, me deparei com algumas lojas que vendiam produtos latino-americanos, com algumas opções de produtos brasileiros, porém com opções muito limitadas. Foi então que descobri o Empório Brasil, a única loja especializada exclusivamente em produtos brasileiros no país. Fiz meu pedido e os produtos chegaram rapidamente. Além disso, foi uma grande satisfação descobrir que a loja era liderada por uma brasileira. Fiquei curioso sobre sua história e o caminho que a levou a empreender por aqui. É por isso que, hoje, no Brasil i Norge, trago a vocês a história inspiradora de Erika de Freitas, a fundadora do Empório Brasil. Vamos conhecer um pouco mais sobre sua jornada e como ela conseguiu trazer um pedacinho do Brasil para os brasileiros e noruegueses na Noruega.
De onde surgiu a ideia de criar o Empório Brasil na Noruega? Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao lançar uma loja online especializada em produtos brasileiros em um país tão diferente?
A ideia surgiu porque eu já tinha uma loja na Espanha, em Málaga, que era uma loja da minha família. Como a loja funcionava bem, tanto eu quanto o meu esposo vimos que a comunidade brasileira aqui na Noruega era grande, mas não havia nenhuma loja especializada em produtos brasileiros. Então, decidimos tentar. No começo, o mais difícil foi a parte da documentação e da importação, porque é tudo muito complicado e demorado. A Noruega é um país longe, então os produtos demoram para chegar, e também foi difícil entender todas as normas e os custos, porque não é barato. Acho que por isso ninguém tinha investido antes, porque não é um investimento barato. Foi preciso ter muita paciência e estudar bastante. Nossa maior dificuldade foi a burocracia e o tempo que tudo leva.
Quais são os produtos brasileiros mais populares entre seus clientes noruegueses? Existe algum produto que tenha surpreendido você pela demanda? Como é a receptividade deles aos produtos e sabores do Brasil?
Os produtos brasileiros mais populares entre os noruegueses são o Guaraná e a mistura para pão de queijo. Esses foram os que mais me surpreenderam. Também vendemos bastante farofa. A receptividade deles é bem legal, porque eles gostam de provar novos sabores e comidas diferentes. A comida brasileira é bem temperada, e como nossa culinária é muito variada, eles aceitam bem. Até os doces, mesmo que aqui as pessoas sejam mais saudáveis e não comam tanto doce, têm boa saída, como os chocolates e a paçoca, que o pessoal gosta muito.
Como é servir a comunidade brasileira na Noruega através do Empório Brasil? Você sente que o seu trabalho ajuda a manter a cultura brasileira viva entre os imigrantes? Quais são os produtos mais populares?
Servir a comunidade brasileira aqui na Noruega é muito gratificante para mim. Moro na Europa há 21 anos, sendo 15 anos na Espanha e agora 6 anos na Noruega. Quando cheguei na Europa, era difícil encontrar produtos do Brasil e a gente sentia muita falta. Com o tempo, mais lojas latinas foram abrindo e tivemos mais acesso, mas aqui na Noruega ainda não tinha muito. Em algumas lojas árabes, a gente encontrava uma coisa ou outra, mas faltava uma loja especializada. Desde que abrimos, o retorno tem sido ótimo, e o pessoal está muito feliz de poder comprar comida brasileira com mais facilidade. Entre os produtos mais vendidos estão os do Nordeste, como o cuscuz, que é o número um, flocão, tapioca e guaraná.
Você é de Goiânia, uma cidade conhecida por sua culinária rica e diversa. Quais são os pratos ou ingredientes típicos de Goiás que você mais sente falta? Poderia falar um pouco sobre o pequi e outros produtos típicos do Cerrado?
Eu sou de Goiânia e a culinária goiana é muito rica e diversa. Entre os pratos que mais sinto falta estão o empadão goiano, o arroz com frango e pequi, que é o que eu mais sinto saudade, e a pamonha. A guariroba também é um produto típico do Cerrado que o pessoal gosta muito, embora eu particularmente não goste. A pamonha de Goiás é especial e diferente de outras regiões. Temos a pamonha doce, recheada com queijo, e a salgada, recheada com queijo e linguiça. Agora já inventaram até pamonha com frango e catupiry, mas as mais tradicionais são a doce com queijo e a salgada com linguiça. Para mim, essas são as melhores comidas.
Foto: Embratur/Sebrae
Quais são os seus lugares favoritos para viajar no Brasil? Se pudesse recomendar um destino imperdível para os noruegueses conhecerem, qual seria?
Sou do Centro-Oeste, onde não temos praia, então sempre que viajo gosto de ir para o litoral. Meu lugar favorito é o sul do Brasil, especialmente Florianópolis, em Santa Catarina. Eu sempre recomendo Florianópolis, não só para noruegueses, mas para qualquer europeu. Para mim, é como se fosse um pedaço da Europa dentro do Brasil, com clima e comida parecidos, além de praias incríveis. As pessoas são muito educadas e a cidade me encantou bastante.
Foto: Embratur/Sebrae
Qual é o seu prato brasileiro favorito e por quê? Você consegue preparar esse prato na Noruega com os ingredientes que importa?
Meu prato brasileiro favorito é a galinhada, um arroz com frango, milho e pequi. Graças à loja, consigo importar o pequi em conserva e fazer esse prato aqui na Noruega. Meu marido, que é norueguês, também gosta muito do sabor do pequi, que é bem diferente, mas muito gostoso. Também gosto muito de pão de queijo, que faço com o polvilho que vendemos na loja, e tapioca, que é uma comida que adoro e faço para visitas, como tapioca com carne seca, que também temos na loja. Consigo preparar vários pratos típicos com os produtos que vendemos.
O que você mais gosta na vida na Noruega e o que ainda sente falta do Brasil? Como você equilibra essas duas culturas no seu dia a dia?
O que eu mais gosto na vida na Noruega é a segurança e a tranquilidade. É um país lindo, com paisagens incríveis, moderno, e valoriza o trabalho. Aqui, não precisamos trabalhar tanto para ter uma vida confortável. O que mais sinto falta do Brasil é minha família. De resto, tudo é suportável, mas a saudade da família é difícil. Para equilibrar, vou ao Brasil uma vez por ano, sempre no Natal, para estar com a família e fugir um pouco do frio. Aqui é minha casa e meu trabalho, e no Brasil são nossas férias.
Galinhada:
Um prato clássico de Goiás, feito com arroz, frango, milho e frequentemente com pequi, um fruto do Cerrado. A galinhada é conhecida por seus sabores intensos e pelo toque especial do pequi, que dá ao prato uma identidade única e regional.
Guariroba:
Também chamada de palmito-amargo, a guariroba é um ingrediente típico do Cerrado, utilizado em saladas e no empadão goiano. Seu sabor amargo é característico e muito apreciado na culinária goiana, sendo uma iguaria singular da região.
Pamonha de Goiás:
Uma delícia feita de milho ralado, tradicionalmente cozida em palha de milho. A pamonha pode ser doce, com recheio de queijo, ou salgada, com ingredientes como queijo e linguiça. Ela é popular por sua textura suave e sabor reconfortante.
Empadão Goiano:
Uma torta rica e recheada com ingredientes típicos como frango, linguiça, guariroba, azeitonas, e até mesmo pequi. Este prato é uma das iguarias mais apreciadas de Goiás, sendo uma combinação de sabores fortes e texturas variadas.
Pequi:
Foto: Pablo Regino
Um fruto típico do Cerrado brasileiro, conhecido por seu sabor forte e aroma inconfundível. O pequi é um ingrediente muito usado na culinária goiana, especialmente em pratos como a galinhada e o empadão goiano. No entanto, deve ser consumido com cuidado devido aos espinhos dentro de sua polpa.
Foto: Luciano Ribeiro
Cerrado:
Uma das maiores regiões de savana tropical do mundo, o Cerrado é o berço de uma rica biodiversidade e de ingredientes únicos, como o pequi e a guariroba. A culinária goiana é profundamente influenciada por essa vegetação nativa, resultando em pratos com sabores intensos e autênticos da região.
Foto: Valmir Pereira
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