Dora Morelenbaum em Oslo! Entrevista exclusiva + infos do show "Pique" no Oslo Jazzfestival
- Rodrigo Braz Vieira

- 14 de ago.
- 4 min de leitura
Do Rio de Janeiro para o mundo, Dora Morelenbaum vem lapidando uma linguagem própria: canção brasileira com alma pop, diálogos de jazz e uma produção que brinca com espaço e textura. Filha de uma família musicalíssima e integrante do Bala Desejo (Latin Grammy 2022), ela traz na bagagem referências que atravessam gerações — de Tom Jobim a Ryuichi Sakamoto — e as transforma em algo absolutamente seu.
Depois de conquistar Oslo com o Bala Desejo no Øya Festival em 2024, Dora retorna agora em fase solo para apresentar Pique, seu álbum de estreia. No palco, ela propõe aquilo que sua música já sugere no estúdio: uma conversa direta entre tradição e contemporaneidade, em que a canção popular brasileira é ponto de encontro e ponto de partida. É repertório que convida o público a ouvir com o corpo — melodias que grudam, ritmos que caminham, climas que respiram.
No Oslo Jazzfestival, a artista promete construir ao vivo essa “ponte momentânea entre o Brasil e a Noruega” que menciona na entrevista a seguir. Se você está em Oslo, é a chance de sentir de perto como esses mundos se tocam — e dançam — no mesmo compasso.

Você nasceu e cresceu no Rio de Janeiro – uma cidade cheia de contrastes, ritmos e cores. Como esse ambiente influenciou a forma como você compõe e se expressa musicalmente?
O Rio é uma cidade que praticamente te obriga a estar ligado nas mais diferentes influências culturais e dinâmicas sociais. Você necessariamente se depara com extremos quase que diariamente. De alguma forma isso é um estímulo pra encontrar uma via de comunicação.
Seu álbum Pique combina elementos da música popular brasileira, jazz e pop moderno. Como você enxerga sua música como uma ponte entre o Brasil tradicional e o contemporâneo?
Eu tive esse desejo com Pique, que ele fosse de alguma forma uma ponte entre a forma como eu via a canção sendo feita no Brasil nas últimas décadas e outros parâmetros musicais que muito vinham me interessando recentemente, pra além da harmonia e melodia. A estrutura fundamental das músicas ainda guarda algo do tradicional, enquanto a produção lida com espacialidade e textura - ela teve um papel essencial nisso.
Você também é conhecida por fazer parte do coletivo criativo Bala Desejo, vencedor do Latin Grammy em 2022. Como essa experiência em grupo influenciou sua trajetória como artista solo?
O Bala Desejo me deu uma base mais sólida para conhecer cada etapa da produção musical melhor, desde a composição até como levantar um show e lidar com o público. Me deu uma noção muito boa de como o trabalho coletivo realça a importância da individualidade e mais ainda como o conhecimento da individualidade reforça o que é feito em conjunto.
O Rio de Janeiro tem uma herança musical rica e diversa – da bossa nova ao samba e outras expressões mais recentes. Com quais dessas tradições musicais você sente uma conexão mais forte hoje?
Todas essas tradições reforçam uma das maiores instituições do Brasil: a canção popular. Ela tem uma estrutura muito forte e rica, com muitas possibilidades rítmicas e harmônicas, que já foi explorada das mais diversas formas no meu país. Isso me influencia quando eu me aproximo dela tanto quanto quando tento me distanciar dela também.
Você vem de uma família extremamente musical – seu pai, Jaques Morelenbaum, é conhecido por ter trabalhado com nomes como Tom Jobim, Caetano Veloso e Ryuichi Sakamoto. De que forma essa bagagem influenciou seu caminho artístico e sua visão sobre a música?
Ouvi muito a música de grandes mestres como esses em casa, com meus pais, isso com certeza formou a minha audição e percepção musical. A música de Tom Jobim me ensinou sobre os caminhos da canção, já a versatilidade de Ryuichi Sakamoto abriu minha cabeça pra outras possibilidades de se fazer música.
Você se apresentou com o Bala Desejo no festival Øya em Oslo, em 2024. Como é voltar à cidade agora, com seu projeto solo?
É incrível ver aonde minha musica pode me levar e como ela pode se conectar com culturas e lugares tão distantes de mim. Oslo me recebeu muito bem da primeira vez e tenho certeza que agora será ainda melhor!
O que você deseja transmitir ao público do Oslo Jazzfestival? O que as pessoas podem esperar do seu show no Cosmopolite?
Com o show de Pique espero levar a atmosfera que criei na produção do álbum, falando essa língua universal que é a música - todo mundo entende e se comunica. Uma ponte momentânea entre o Brasil e a Noruega.
Nos vemos no Cosmopolite!
Garanta seu lugar e venha viver essa noite em que o Rio encontra Oslo no mesmo palco.
Informações do show
Data: Quinta-feira, 14 de agosto de 2025
Portas abrem: 20h00
Início do show: 21h00
Local: Cosmopolite
Preço dos ingressos: NOK 380 / NOK 330 (taxas incluídas)
Classificação etária: 18 anos, com documento de identidade válido
Ingressos: Ticketmaster – compre aqui




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