Marcelo Botta e sua Imersão Cinematográfica: "Betânia" Chega ao Escena Oslo Ibero-Amerikansk Film Festival na Noruega
- Rodrigo Braz Vieira
- 22 de out. de 2024
- 3 min de leitura

O cineasta brasileiro Marcelo Botta vem ganhando reconhecimento internacional com seu primeiro longa-metragem, Betânia, um filme profundamente enraizado nas tradições e transformações culturais dos Lençóis Maranhenses, recentemente reconhecidos como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. Botta, que já havia trabalhado em documentários antes de se aventurar no cinema, iniciou o projeto de Betânia após passar dois meses imerso na comunidade local, ouvindo histórias e interagindo com os moradores dos Lençóis. O resultado é um filme que reflete o cotidiano, os desafios e a resiliência das mulheres dessa região, especialmente no contexto das mudanças provocadas pela modernidade.
Estreando com grande sucesso no Festival do Rio 2024, Betânia também foi exibido em importantes festivais internacionais, como o Festival de Berlim (Panorama) e o Cinélatino de Toulouse, e agora será exibido no Escena Oslo Ibero-Amerikansk Film Festival no dia 24 de outubro de 2024. Em entrevista exclusiva ao Brasil i Norge, Botta compartilha suas expectativas para o público norueguês e a comunidade brasileira em Oslo, discutindo a importância de seu filme para a divulgação da cultura maranhense e brasileira no exterior.
Marcelo, os Lençóis Maranhenses foram recentemente reconhecidos como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, o que destaca ainda mais a relevância da região. Como essa nomeação impacta a importância do cenário para o filme Betânia e a forma como ele será recebido no Escena Oslo Ibero-Amerikansk Film Festival?
Os Lençóis Maranhenses são realmente um lugar único, lindo e refrescante. O vento constante mantém a areia sempre fresca. Uma vez, atravessei os Lençóis descalço em cinco noites, dormindo cada noite em um povoado diferente. Caminhar nas dunas às 3h da manhã, com a lua iluminando o caminho, e ver o nascer do sol refletido nas lagoas, que se transformam em espelhos quando o vento para de soprar, foi uma experiência indescritível. E ainda nem mencionei as lagoas, que são de água doce, puras, filtradas pela fina areia. Sem correnteza, sem sal, apenas perfeitas. Ah, e as lagoas têm tons verdes e azuis lindíssimos. Outro detalhe especial é a pininga, uma tartaruga endêmica que só existe lá. Tudo isso, o modo de vida das pessoas, sua cultura e ancestralidade, como o Bumba Meu Boi, faz dos Lençóis um lugar único. No filme Betânia, tentamos expressar nosso amor por esse lugar e pela cultura das pessoas que ali habitam.

Betânia explora com sensibilidade as transformações culturais e sociais que afetam as comunidades tradicionais do Maranhão. O que o motivou a contar essa história de uma mulher em busca de recomeço em meio às mudanças provocadas pela modernidade e pelo contato com o mundo externo?
Tudo começou em 2018, quando filmamos um documentário do outro lado dos Lençóis, em Ponta do Mangue, sobre Dona Maria do Céu, uma líder comunitária extremamente inspiradora. Criei uma relação de família com ela e voltei aos Lençóis várias vezes entre o documentário e a ficção. Em outubro de 2021, quando tive a primeira centelha da ideia de fazer uma ficção chamada Betânia, já compramos as passagens para o Maranhão. A pesquisa, o roteiro e a pré-produção foram feitos diretamente em Santo Amaro do Maranhão, o que foi fundamental para garantir que as pessoas dos Lençóis e do Maranhão se sentissem representadas e orgulhosas. O filme adquiriu uma forma de cinema comunitário, com muitos moradores da região participando em diversos departamentos e no elenco. Betânia é, acima de tudo, uma carta de amor a esse lugar.

Betânia não apenas narra uma história pessoal, mas também celebra a cultura e as tradições do Maranhão. Na sua visão, qual a importância de um filme como o seu para a divulgação da cultura maranhense e brasileira no exterior?
É uma grande responsabilidade, porque a cultura do Maranhão é muito rica. O estado tem uma brasilidade única. É conhecido como a "Jamaica Brasileira" por causa da forte presença do reggae, mas também tem uma africanidade que se manifesta no tambor de crioula e no Bumba Meu Boi, além de influências indígenas. Tudo isso está presente na trilha sonora de Betânia. O Maranhão é um lugar que diz muito sobre o Brasil, mas é um Brasil diferente, que não é o Rio de Janeiro nem o Sertão tradicional. É um Brasil novo e refrescante, como as lagoas dos Lençóis. Muitos espectadores saem do filme decididos a visitar o Maranhão nas próximas férias, e eu recomendo muito. Não há nada igual no mundo.

O filme Betânia será exibido no dia 24 de outubro de 2024, das 21:00 às 23:00, no VEGA Scene, localizado na Hausmanns gate 28, 0182 Oslo, Noruega. Esta é uma oportunidade imperdível para quem deseja mergulhar nas paisagens únicas dos Lençóis Maranhenses e nas histórias emocionantes da comunidade local, contadas de forma sensível e autêntica por Marcelo Botta. Não perca a chance de assistir a essa obra que celebra a cultura e a força das tradições brasileiras. Para garantir seu ingresso, acesse o link: Comprar ingressos.
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